terça-feira, 30 de julho de 2013

As fascinantes rochas de Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte I - Malham Cove

Como uma boa geógrafa sempre que vejo um filme um dos elementos que mais recebe minha atenção são as paisagens. Assistindo novamente Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte I não pude deixar de me perguntar (mais uma vez) que tipo de rocha é a aquela que aparece na cena em que o Harry e a Hermione acampam sobre um rochedo logo após a ida do Rony.



Depois de passar boa parte do filme pesquisando (e não prestando atenção no filme – salvo a cena do Conto dos Três irmãos e a morte do Dobby), achei o nome do lugar e o porquê de sua forma peculiar. O nome do lugar é Malham Cove, norte de Yorkshire, Inglaterra, e segundo esse site aqui a
 "famosa paisagem de Malham Cove é formada por um penhasco de calcário com 80 metros de altura. A transformação geológica foi causada por água de fusão no fim da Era do Gelo. No topo do penhasco há um pavimento de calcário, resultado do escoamento das geleiras, que acabou por construindo uma calçada natural de pedras excelente para caminhada. A região de Yorkshire vista do topo desta colina é fantástica."

Mais informações (bastante interessantes) sobre o local aqui.

Muito legal, não? Mais um motivo para amar Harry Potter. s2

segunda-feira, 15 de julho de 2013

CONTRA O FIM DE BOMB GIRLS!

(Cuidado, contém alguns spoilers)

Desde que entrei na Universidade perdi a paciência de assistir televisão e assim como tantos universitários baixo tudo que quero via internet ou pego com os colegas. Espero não ser presa por isso.
Em um dia cinzento comum buscava por uma série nova que me animasse e encontrei uma excelente, seu nome é Bomb Girls. Diferente de tudo que já vi, a série canadense tem como cenário uma fábrica de bombas da II Guerra Mundial para combater os nazistas.  Nessa fábrica somente mulheres trabalham na linha de montagem, muitas deixando suas casas para irem trabalhar. O que o seriado deixa a entender é que esse é o momento em que as mulheres entram massivamente no mercado de trabalho no Canadá, em várias cenas as trabalhadoras agradecem à guerra pela oportunidade de se tornarem independentes.
As protagonistas da série são Lorna Cobbet, Gladys Withan, Betty McRae e Kate Andrews, cada uma delas conta com personalidades incríveis e mereciam uma postagem individual. Lorna é matriarca da fábrica, responsável por manter tudo em ordem e mesmo assim recebe menos que os homens, com forte senso de justiça, e problemas em seu casamento (o marido perdeu a movimento das pernas após lutar na I Guerra Mundial). Gira em torno da personagem questões como o aborto, as diferenças étnicas, luta por melhores condições de trabalho, e também dá uma visão inversa sobre a “necessidade sexual dos homens” que é sempre uma argumentação quando o assunto é traição.

Lorna,Gladys, Betty e Kate - as protagonistas.

Gladys, por sua vez, é a única rica do grupo, no entanto apesar de não ter nenhuma necessidade financeira, escolhe escolhe trabalhar na fábrica mesmo assim. Fingindo trabalhar no escritório, ela esconde de seu pai que  na verdade exerce a função de montadora das bombas na linha de montagem. A personagem acredita que trabalhando construindo bombas pode ajudar no campo de batalha e “dar um tapa na cara do Hittler”. 
Com uma forte ideologia ela consegue convencer o seu noivo a ir para guerra e no cenário local da fábrica incita as mulheres a lutarem. A principal questão que se discute com a personagem é a liberdade sexual das mulheres, tanto em torno do mito da virgindade feminina quanto sobre a possibilidade de se ter vários parceiros, desmistificando a imagem da mulher de um único homem que deve noivar e casar.
Betty e Kate, por sua vez, têm suas histórias conectadas. As duas moram em um pensionato para mulheres, a segunda consegue fugir do pai que era religioso fervoroso e contra qualquer tipo de liberdade das mulheres. Por ter essa base religiosa tão forte, Kate tem problemas em aceitar os sentimentos que Betty tem por ela, que vão muito além da amizade e aparentemente é reciproco (apesar dela tentar fugir desse sentimento). As duas se distanciam amorosamente, inicialmente Betty começa a namorar um homem (na tentativa de fugir de sua lesbianidade), o Ivan, porém não gosta e termina. Depois Kate começa a namorar o mesmo homem, o Ivan, porém no mesmo período surge uma soldada chamada Teresa que inicia um relacionamento com Betty. Além das questões sobre sexualidade, Betty é marcada pela liderança, sempre à frente na luta das mulheres na fábrica.
Só com essas informações já deu para perceber que o seriado trabalha com diversas causas sociais em torno das mulheres e é simplesmente incrível! Porém, apesar de receber boa crítica e ter um público crescente de fãs o canal canadense, Global, anunciou em Abril desse ano que irá cancelar o seriado (mais informações acesse aqui). O que me faz pergunta, por quê?? Será que é medo das consequências que uma série feminista pode causar? Ainda mais sabendo que as mulheres ainda hoje recebem menos do que os homens e que são a massa da mão-de-obra barata no mundo?
Não vejo motivos para cancelar uma série que estava fazendo sucesso, tinha boa crítica e trabalhava questões tão abertas que outras produções televisivas ignoram. Por essas e outras que me declaro CONTRA O FIM DE BOMB GIRLS! O que não é só uma birra por uma série que me apaixonei, mas também pelo direito da visibilidade da mulher nos meios de comunicação como protagonista de nossa história.

A primeira e a segunda temporada podem ser baixadas aqui.
  

domingo, 14 de julho de 2013

Até logo, Paraguai.

Já têm umas duas semanas que estou de volta ao Brasil e já tem um tempo que queria escrever palavras de despedida do intercambio. Porém, é difícil definir os cinco meses que passei por lá. Experiências boas e ruins.

Uma parte de mim vai sentir falta da cultura daquele país, das pessoas, do tererê (apesar de ter comprado o meu) e até mesmo de comer empanada com pão.
Acho que a temática em torno do Paraguai vai entrar para o meu grupo de combate ao senso-comum. No Brasil temos a triste mania de chamar de paraguaio tudo que estiver relacionado à falsificação e a má qualidade, o que é muito triste de se fazer com o gentílico de um país. Assim, como não gostamos da associação de brasileiros com carnaval e bunda. Além disso, o Paraguai é muito maior do que Ciudad del Este (cidade fronteiriça com Foz do Iguaçu que é o polo comercial do país) e que só existe por conta dos brasileiros. Sim, somos nós o mercado consumidor massivo. Se não fosse pelos brasileiros os tais “produtos paraguaios” não teriam permanecido por tanto tempo. E gente, fala sério, os produtos nem se quer são feitos no Paraguai, são todos chineses, o que é curioso que a palavra “chinês” ainda não tenha a força do significado de falsificação que “paraguaio” tem.
Inclusive, é válido lembrar que o Brasil é um dos maiores problemas dos paraguaios, sendo o caso maior a questão da propriedade privada da terra. O latifúndio brasileiro é uma praga tão grande que ultrapassa as fronteiras. Graças à problemática questão da Reforma Agrária (que se faz urgente nos dois países), o Paraguai está sofrendo nos últimos anos a inversão campo-cidade, que se manifesta nitidamente pelas mudanças na paisagem principalmente na capital, Assunção, com o aumento das favelas e do trabalho informal – você pode fazer as compras do mês ao embarcar em um ônibus no centro.
Ao recordar do Paraguai que lembremos do país que conseguiu preservar sua cultura, que fala não só a língua do colonizador, mas também a nativa. Ao lembrar do Paraguai que nos venha a mente a palavra “guarani”, dos fortes índios, do aquífero, que recordemos do enorme conhecimento popular sobre ervas medicinais, do tererê, do mate, do cocido e da chipa. E se for para falar de algo econômico que pensemos na moeda nacional paraguaia que é uma das mais estáveis da América.